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Gabriel Corrêa: A história do marketing

Há milhares de anos o ser humano se comunica de diversas formas. E uma dentre tantas linguagens utilizadas ao longo do tempo é a arte promover pessoas, produtos e ideias. Essa arte atualmente é conhecida como marketing. E com certeza você nem imagina que ela é bem mais antiga do que parece.

Escrito por: Prof. Gabriel Corrêa
30 de julho de 2022

O marketing vem ganhando cada vez mais destaque no cotidiano das pessoas ao redor do mundo, especialmente após as limitações de convivência que a pandemia de COVID-19 impôs.

Com essas limitações, fomos obrigados a nos adaptar de um dia para outro à muitas tecnologias e ferramentas que já estavam disponíveis há anos, mas que não faziam tanta diferença na nossa vida.

Essa nova rotina abriu os olhos do senso comum que pensava o marketing como algo descartável. Ficou nítida a necessidade de estratégias que consolidam marcas, produtos e até pessoas como autoridades em seus respectivos ramos.

E com plataformas digitais populares como o TikTok e o Instagram, ficou muito mais fácil e acessível se promover. Afinal, a propaganda é a alma do negócio, não é mesmo?

Mas você já se perguntou de onde essa alma do negócio vem?

Para responder essa pergunta, nós precisamos viajar no tempo e entender a origem do marketing, que não tinha esse termo até a década de 1940.

Antes disso, todos conheciam e entendiam o marketing como as tão difundidas propagandas. Precisar a data que elas surgiram de fato é humanamente impossível, já que desde a Antiguidade (mesmo antes do próprio desenvolvimento da escrita) os seres humanos se organizaram em pequenos grupos, realizando trocas e escambos de alimentos, ferramentas, utensílios e até de outros seres humanos. Muito provavelmente, para que essas trocas e escambos fossem possíveis, algum tipo de chamarisco era feito. Por esse prisma, pode-se considerar as próprias pinturas rupestres como possíveis propagandas de divindades, fenômenos naturais e de líderes caçadores-coletores.

Com o desenvolvimento da escrita, datada cerca de 4.000 a.C., ficou mais fácil determinar através de registros históricos e arqueológicos essas atividades rudimentares de propaganda.

Temos exemplos já no Egito Antigo e na Mesopotâmia, onde inúmeras profissões e práticas ganharam destaque através dos escritos, desenhos e dos famosos hieróglifos. Vale ressaltar que a receita de cerveja mais antiga do mundo, o chamado “Hino a Ninkasi”, data de 1.800 a.C.

Ou seja, não é difícil fazer um exercício de imaginação e supormos que esse tipo de registro pode ser considerado uma espécie de propaganda. Obviamente, uma propaganda muito mais ligada à parte religiosa, mitológica e prática, e não como o marketing que conhecemos hoje. O importante é justamente ter em mente que a propaganda com o objetivo de deixar registrado e promover aquilo que merece destaque é tão antigo quanto às nossas próprias civilizações.

Gostamos de afirmar que o brasileiro já nasce formado em Publicidade e Propaganda, mas a partir dessas análises, podemos perceber que o ser humano é formado em marketing desde que foi criado.

Ao representar mitos, deuses, crenças, seus semelhantes e até mesmo as experiências simples do cotidiano desde os primórdios, o ser humano utiliza estratégias de marketing para chamar a atenção de outros seres humanos sobre um determinado assunto. Essas estratégias e representações foram se desenvolvendo ao longo dos anos, mas a essência, a chamada “alma do negócio” segue sendo a mesma.

Os comerciantes que vendiam o suor dos gladiadores como algo afrodisíaco, que dava vigor e força na Roma Antiga, não são tão diferentes dos comerciantes que vendem pílulas que prometem o mesmo resultado hoje. O objetivo da prensa de Gutemberg ao imprimir diversas edições de livros não era tão diferente da fabricação em larga escala de smartphones. Os contos de fada dos Irmão Grimm não são tão diferentes das alegorias divulgadas hoje em dia. O que mudou foi o modo como os profissionais do marketing atuam.

Muitos estudiosos consideram o período da Revolução Industrial como o estopim da propaganda moderna e, consequentemente, o “surgimento” do marketing. A medida que novos produtos, indústrias e inovações foram sendo criados, também cresceu a necessidade de anunciar e vender tais novidades. Foi a partir daí que o marketing moderno se organizou, passando pelo “Jeito de Vida Americano”, onde pessoas felizes eram retratadas nas propagandas, até às panfletagens de regimes totalitários do Século XX. O marketing moderno passou a frequentar as casas e as rotinas de cada cidadão do mundo, mesmo que direta ou indiretamente através da globalização.

Atualmente, a “alma do negócio” permanece a mesma, mas a propaganda evoluiu para o marketing e o marketing se tornou indispensável para alcançar o sucesso.